quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Vareja da Azeitona

É cedo e Dezembro traz consigo a característica geada matinal. A pelicula branca que cobre o manto verde é quebrada pelos passos dos que vêem fazer a vareja. As oliveiras são muitas. É preciso vareja-las, podá-las e apanhar a azeitona. Enquanto os homens pegam nas varas e estudam a melhor forma de subir à árvore com o serrote à cintura, as mulheres tratam de estender os toldos no chão em torno das oliveiras. Os olivais das zonas rurais produzem do melhor azeite nacional por uma simples razão, ao contrário dos grandes olivais que são só isso mesmo, as nossas oliveiras situam-se em terrenos agrícolas e beneficiam dos seus tratamentos sazonais. Animais que pastam e estrumam os terrenos, culturas que se fazem regando-se as áreas e todo um tratamento que indirectamente favorece o crescimento de azeitonas saudáveis e de qualidade.







        A meio da manhã o sol de Inverno perde a timidez para contentamento de todos. O frio dá tréguas e os dedos conseguem agora encontrar com menos custo o fruto negro por entre as ervas. Com uma vara chega-se aos locais mais difíceis da oliveira. Fica-se a fazer o rebusco enquanto a azeitona é junta no toldo e é escorrida para dentro de uma saca. Novos e velhos, avós e netos, pais e filhos estão juntos nesta tarefa tantas vezes familiar, permitindo que a actividade seja transmitida através de gerações.
      Depois da azeitona varejada, apanhada e ensacada é necessário separa-la da folha. Resistindo às modernas máquinas criadas para esse efeito, as erguedeiras, ainda há quem mantenha a tradição e conte com a ajuda da mãe natureza para esse processo. Estende-se a roupa em terreno aberto, despeja-se a azeitona num monte num extremo e com o recurso a uma pá lança-se a azeitona para o lado oposto. Este processo é realizado contra o vento, o que faz com que a azeitona caia nos toldos mais à frente e a folha, mais leve, fique a meio caminho. Agarra-se novamente nas pontas da roupa para juntar a azeitona e volta-se a ensacar mas agora limpa de folhas. Está agora pronta para ser transportada para o lagar. No terreno finaliza-se a actividade queimando a rama que resulta da poda, essencial para o controlo e saúde da própria árvore. Ao entrar no lagar encontramos maquinaria estranha que funciona apenas nesta altura do ano, muitos trabalhadores e uma temperatura muito superior à do exterior. Uma vez ali, a azeitona sofre um processo que a transforma no líquido dourado e saudável que vai figurar nas mesas portuguesas durante todo o ano, até à próxima vareja.
Texto e fotos gentilmente cedidas pelo compadre Bruno Andrade, copiadas do seu blog http://portugalatp.blogspot.pt/

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