sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Café Maravilha


O singular Café Maravilha com a senhora Guilhermina ao balcão

De Viana a Alcáçovas são uma vintena de quilómetros, coisa que fizemos quase na totalidade na aspiração de um tractor, coisa que nos facilitou a vida, já que continuando a pedalar debaixo da torreira do sol que agora se fazia sentir sem apelo nem agravo, fazíamos metade da força e isso foi uma boa ajuda durante mais de dez quilómetros.
Em Alcáçovas, terra de chocalheiros e de gente boa, revisitei a taberna da senhora Guilhermina, que apesar de só me ter visto uma vez na vida e por escassos minutos se recordava de mim, como se aí houvera estado ontem mesmo.

Um dos clientes também se recordava de mim e eu dele, o que quebrou ali de imediato o gelo. Voltei a pedir à senhora que deixasse fotografar o seu bonito estabelecimento, coisa a que acedeu, ficando nas fotos que agora vos apresento.
As inevitáveis botas entre a Macieira e o Gás para o isqueiro. Um must.

Nas prateleiras, as inevitáveis faquinhas em rifa, botas domingueiras e de trabalho, outras de cano alto ou de meio cano, são também alguns dos produtos que se podem por aqui adquirir enquanto se deita abaixo um copo de tinto alentejano, ou então, a princesa das tabernas alentejanas, mais conhecida por: mine.

Senhora Guilhermina quer saber como tenho passado e interessa-se genuinamente pelas minhas viagens ciclo-pedalantes. Lá lhe contei sumariamente o que tenho feito depois da última vez em que aí passei em 2007, incluindo a história do meu abalroamento em tarde de Agosto do ano em que descobri o Café Maravilha (que é o mesmo que taberna da senhora Guilhermina).

Resquícios duma grandeza que já não volta - A antiquíssima mercearia da Sra. Guilhermina

Ao meter o nariz pela porta que dá acesso ao “backstage , reparo numa antiquíssima mercearia que fazia parte deste “império” comercial. Volto a pedir que mo deixe fotografar, coisa a que a simpática senhora anui com especial prazer.

Já dentro do estabelecimento, agora de portas fechadas ao público, reparo que deve ter tido fulcral importância na vida da comunidade Alcaçovense, Senhora Guilhermina concorda comigo e diz-me ter o estabelecimento mais de 100 anos. Pela visita de médico que lhe fiz, deu para reparar que para além do estabelecimento de vinhos e petiscos, também esta casa já teve geminada um mercearia fina e do outro lado da loja, as prateleiras vazias daquela que poderá ter sido um concorrido retroseiro de Alcáçovas, mas isto sou eu a conjecturar, dona Guilhermina me há-de esclarecer em oportuna passagem por terras chocalheiras.

Despedidas feitas e ala que se faz tarde até ao nosso destino final que é Santiago do Escoural e que daqui dista mais outros vinte quilómetros.


Texto e fotos do compadre Napoleão Mira, copiados do Blog  http://pulanito.blogspot.com/

3 comentários:

  1. Conheci esse estabelecimento familiar em 1970 assim como toda a família que lá trabalhava, um tempo áureo. Hoje, fechado para sempre, se um dia abrir nunca será com as mesmas pessoas. Recordo com com um sentimento que só alguns sabem. Para os que ainda estão entre nós um bem haja.

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    1. Assim é, amigo Amado Santos... Obrigado pelo seu comentário...

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    2. Vivi com os meus avós no Convento no ano 1970/71 eram eles os guardiões do Convento, Sr Honorato e Sra Arsénia.
      Os meus Avós eram então clientes da mercearia do Sr Maravilha.
      Recordo com saudade esses tempos
      Lembro me bem do Sr Maravilha e sua Esposa do Fernando e sua Esposa e da tia Alice que já não estão entre nós.Recordo-me também da Conceição e da Rosa Maria .

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